O efeito do terroir no resultado é tão impactante que é melhor falar o nome do lugar que o nome da uva
Um dos conceitos mais difíceis de entender no mundo do vinho é o de "terroir". Na região da Borgonha, ele é levado ao extremo. Para eles, "terroir" é um pedaço de terra com características climáticas e geológicas tão específicas que ele é diferente daquele outro logo ao lado.
Esse conceito foi muito desenvolvido por monges cistercienses que, pela observação, perceberam que uvas de terrenos diferentes davam vinhos diferentes. Assim, foram recortando a terra em "parcelas" de terra, muitas vezes minúsculas.
No momento da definição do sistema de denominação de origem, já no século 20, esses pequenos recortes de terra já estavam bem estabelecidos e foram respeitados. Estudos geológicos modernos revelam que o recorte feito pelos monges é coerente e coincide com mudanças geológicas no subsolo. Por isso, resultam em vinhos diferentes. Os de mais qualidade foram chamados de "grand cru" e, logo abaixo, ficaram os "premiers crus". Em seus rótulos aparecem o nome do pedacinho de terra de onde vêm.
Se o vinho é produzido com uvas de vários pedacinhos de terra dentro de uma cidade, levam o nome dela (como Chablis). E, caso fossem uvas de uma região maior, levariam o nome da região, por exemplo, Bourgogne.
Na Borgonha nunca dizemos "estou tomando um chardonnay", e sim, "estou tomando um Côtes de Beaune" que é o nome da região.
A mesma uva de lugares diferentes dá vinhos diferentes. O efeito do terroir no resultado final é tão impactante que é melhor falar o nome do lugar que o nome da uva. Sugiro comprar pelo menos dois vinhos e prová-los juntos para entender.
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