Nenhum dos dois...ou os dois. Tanto faz, são dois nomes da mesma uva. Quando pergunto para meus alunos aqui na escola de onde vem a malbec eles não hesitam: Argentina.
Mas a história é bem outra.
A uva tem origem no sudoeste da França. Até a crise da filoxera (pulgão que dizimou vinhedos no mundo todo no final do século 19) chegar na região de Bordeaux, a malbec representava maior parte do vinhedo plantado.
Com o replantio, adaptou-se mal aos porta-enxertos da época e foi substituída na liderança pela Merlot.
Hoje, na França, aparece em corte em várias denominações do sudoeste, mas sua expressão mais interessante é em Cahors, onde seu uso é obrigatório em 70% dos vinhos.
Ali também é conhecida como auxerrois.
É capaz de gerar aromas de pimenta-do-reino, couro, frutas pretas e, nos melhores casos, flores secas. Em boca, são vinhos muito densos com uma estrutura de taninos mais marcados e firmes.
Bem diferente de sua terra de adoção contemporânea, a Argentina.
Aqui, no país vizinho, os vinhos feitos com a malbec são muito exuberantes, com notas de frutas vermelhas em geleia, violeta e notas achocolatadas. Costumam ter bom corpo, mas com taninos menos evidentes. São vinhos mais cremosos.
O que explica a identificação da malbec com a Argentina é que seu nome aparece no rótulo, evidenciando-a como principal elemento de sabor. Na França isso é incomum.
A filosofia é que a origem do vinho é que lhe dá o caráter e não apenas a uva. Diz-se: você não está tomando um malbec, está tomando um Cahors.
Vale a pena prová-los comparando para ver como a uva não é tão determinante, já que muda radicalmente quando se muda de ambiente. Nenhum é melhor. São apenas diferentes.
Comments